Do Dicionário de Citações

Dupla delícia.
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
Mário Quintana

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Por que ir à Bienal do Livro de São Paulo?

As Bienais Celebram o Econtro dos Livros Com Seus Leitores ...

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/06/ac/da/06acda884f6fb2962d3b153ffa7f87fa.jpg

Por que ir à Bienal?
Muita gente pergunta por que as bienais do livro ainda são importantes, considerando que os livros podem ser comprados em diversos locais. Embora faltem livrarias no Brasil, o acesso ao livro aumentou e ... aumentou ainda mais quando apareceu seu principal concorrente: a internet!
Editores ainda reclamam que as bienais representam um investimento alto e que nem sempre o retorno é satisfatório. Participam das bienais as editoras médias e grandes, ou seja, aquelas que são capazes de arcar com os custos de montagem dos stands, pagamento de pessoal, promoções etc. Outras editoras menos capitalizadas contam com auxílio das câmaras regionais do livro, das associações, das ligas, enfim, elas realizam um esforço coletivo para a sua participação nessa grande festa que é uma bienal do livro.
Voltando à questão anterior: por que ir à Bienal? Porque todo esse esforço dos editores seria inútil se não houvesse a afluência do público nessa grande festa. Porque esta festa é necessária, independentemente dos resultados de vendas que dela resultam. Porque durante duas semanas o livro se torna um protagonista nas redes sociais, nos rádios e, principalmente, na televisão.
Eis aqui o ponto central da questão. A Bienal do Livro quebra a rotina do mercado. Ela atrai o público já familiarizado com o livro e com a leitura, mas ela também atrai novos leitores. E não me refiro apenas à idade dos leitores, pois basta uma caminhada ligeira pelo Anhembi para a gente se dar conta de que o público é majoritariamente formado por crianças e jovens. Mas os novos leitores são também os pais, os avós, as tias, os tios, os vizinhos, enfim, todos aqueles que (de repente) quebram a sua rotina para ver o que acontece numa bienal do livro.
E acontece muita coisa que vai além da leitura. Às vezes fica até aquém da leitura. Pois ali não estão apenas os livros. Ali estão os personagens sonhados, imaginados... aquelas figuras em evidência na internet, os personagens de quadrinhos, os autores consagrados pelo grande público... eles também quebram a sua rotina e se colocam à disposição do público. Pois diferente dos lançamentos programados nas livrarias é na bienal o lançamento é extremamente popular e democrático. E é também por isso que ela nem sempre agrada aos intelectuais.
Por isso, meu caro ouvinte, se vc. ainda tem dúvidas sobre a importância de uma Bienal, segue um último argumento: o livro passou por uma série de questionamentos sobre suas funções diante de uma revolução digital em curso. Porém, nem a crise do mercado atual derruba o magnetismo desse objeto milenar, capaz de congregar as pessoas, alimentar suas imaginações e mobilizar profissionais de diferentes setores, de todo o país e do exterior durante quinze dias de atividades. É ver para crer!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

CURSO DE HISTÓRIA DO LIVRO

Fabiano Cataldo ministra curso sobre História do Livro em Salvador, Bahia.
Confiram a programação:

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

História do Livro na América Hispánica

Dos Primeiros Títulos Impressos em Lima (1584)


Exemplar digitalizado pela John Carter Brown Library
Sabemos que a história do livro na América Hispânica se antecipa em alguns séculos à introdução dos livros na América Portuguesa.
A primeira oficina tipográfica americana foi instalada nos anos de 1530, no vice-reino do México.
O texto consiste de um edital de quatro páginas, emitido pelo rei Filipe II de Espanha, decretando a mudança do calendário juliano para o calendário gregoriano. Para colocar o calendário de volta em linha com as estações do ano, em fevereiro de 1582 o Papa Gregório XIII excluídos dez dias de 1582, de modo que o 04 de outubro de 1582, o calendário juliano foi seguido imediatamente por 15 de Outubro 1582, no novo calendário gregoriano. Em 1584, Antonio Ricardo produziu este trabalho. Ricardo era um tipógrafo italiano que trabalhou como uma impressora na Cidade do México, mais tarde ele se mudou para Lima, capital do Vice-Reino do Peru, onde ajudou os jesuítas estabelecer a primeira prensa de impressão na América do Sul.
Ali atuaram alguns impressores importantes e muito hábeis, formados nas principais oficinas europeias. Dentre eles, um certo António Ricardo, que teve uma atuação forte na Cidade do México, onde publicou títulos vários, entre 1577 e 1579, livros religiosos, na maior parte, mas também uma literatura, Trsites, de Ovídio e alguns tratados médicos. Porém, ele viria a fazer história como o primeiro tipógrafo a atuar na América do Sul.

António Ricardo nasceu em Turin, na Itália. Formou-se mestre-impressor na sua cidade natal e partiu para Veneza. Nessa época, era comum os jovens tipógrafos partirem para outras cidades após formar-se na corporação. Isso lhes garantia um contato mais amplo com o mundo, novos empregos e a possibilidade de se instalar em cidades onde a produção era ainda incipiente, ou nem mesmo existia. De Veneza ele partiu para Lyon, depois Medina Del Campo e Alcalá de Henares. Seu destino mudou quando o tipógrafo estreitou contatos com o impressor Ocharte, que já atuava no Novo Mundo... António Ricardo não demorava a atravessar o grande mar! Como vimos, ele permaneceu alguns anos na Cidade do México, mas, a partir de 1580 iniciou sua mudança para a Ciudad de los Reyes, ou seja, Lima.
Em 1584, fazia seu prelo chorar, para usar um jargão dos impressores.
E quais foram os primeiros livros por ele impressos?
O primeiro consiste em um opúsculo de quatro página, intitulado Pragmatica Sobre los Diez Dias Del Año.
Ocorre que no momento em que ele imprimiu a Pragmática, outro livro estava sob produção. A Doutrina Christiana, este belíssimo exemplar impresso em quéchua, aimará e espanhol, foi o segundo livro impresso na América do Sul, mas o primeiro trabalho impresso na língua dos incas. O exemplar em exibição pertence à Biblioteca Nacional do Peru.

Para saber mais: The First Printing in South America. Douglas C. Mc Murtrie. O estudo acompanha o fac-símile do opúsculo, gentilmente cedido pela John Carter Brown Library; Víctor Julián Cid-Carmona, "Antonio Ricado: aportaciones a la tipografía médica mexicana del siglo XVI". Boletín Mexicano de Hist. e Fil. Médica [2005; 8 (2): 40-45].